sexta-feira, 26 de agosto de 2011

46º dia de pós-operatório, retorno ao ortodentista

Hoje, fazendo 46 dias de pós-operatório e já me sinto muito bem.
Ontem retornei ao ortodentista, retirar os fios metálicos e os ganchos foi muito bom. É incrível como a gente chega ao absurdo de achar que apenas o aparelho é confortável se comparado com os fios e ganchos que utilizávamos antes junto ao aparelho.
O orto gostou bastante do resultado da cirurgia, fez comentários bem positivos e voltamos ao nosso tratamento. Agora sem ter a cirurgia como meta, mas sim corrigir mordida e posicionar certinho todos os dentes, o tratamento parece que vai fluir como um rio de planície. Agora não tenho mais pressa.
Perguntei ao orto como estavam os pontos, e ele disse que não existia mais nenhum ponto na minha boca, ou seja, não os vi caírem. Acho que comi os pontos enquanto me alimentava, sem perceber.
O inchaço diminuiu bem, mas ainda existe um pouco, a parestesia está bem pouca e apenas na parte posterior da gengiva e no lábio superior, mas é pouca coisa.
Estou pensando em começar a fazer fono. Embora ainda não tenha desinchado totalmente alguns sons que eu pronuncio estão me incomodando muito, principalmente [p] e [b] no meio das palavras e o [s] onde quer que se encontre.
Também estou pensando na possibilidade de consultar um fisioterapeuta desde já para ver a abertura e o fato de meu sorriso estar um pouco torto. Não sei, o cirurgião pediu para esperar até desinchar, mas sinto falta de uma opinião desse profissional. Vou pensar nessas hipóteses nesse final de semana.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

19 de agosto de 2011 - 38 dias de pós

Bem, hoje é sexta-feira, estou agora no trabalho com muita coisa para fazer ao mesmo tempo, então que achei por bem parar, relaxar a cabeça e depois voltar, com mais tranquilidade para não fazer besteira. Não posso errar naquilo que faço porque as consequências causariam transtornos graves.
Bem, então que já fui 3 dias para a academia, minha vida está voltando ao normal, meu corpo está respondendo bem aos exercícios. Confesso que nos dois primeiros dias tive muitas dores musculares porque fazia 45 dias que eu não ía na academia, mas o remédio nesses casos é não parar, isso faz com que o músculo dolorido se recupere mais rapidamente.
Embora sejam 38 dias de pós já, eu fiquei um tempo viajando antes da cirurgia, e por isso suspendi a academia tão cedo, justificando os 45 dias fora dela.
Falando do meu inchaço, ele está diminuindo, parece que voltar a academia também está ajudando o inchaço a sumir. A parestesia é quase nula, está faltando muito pouco para ela acabar totalmente.
Acredito que em pouco tempo eu nem mais me lembrarei que um dia operei. Está tudo rapidamente voltando ao normal e o incrível é que o resultado está ficando cada vez melhor.
Ouvi muitos elogios de pessoas que entendem dessas coisas de cirurgias, de plástica e afins.
O médico que fez a minha cirurgia é bastante caprichoso, detalhista, e isso é otimo quando se faz algo no rosto, nosso cartão de visitas. Confesso que no começo fiquei com medo, mas foi igual quando eu fiz um peeling que fiquei 15 dias sem sair na rua, bateu um medo quando vi meu rosto todo preto, queimado, melado de vaselina e antibióticos, mas o resultado foi tão bom que mesmo mais de um ano depois desse tratamento as pessoas ainda elogiavam o resultado.

"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez" Jean Cocteau

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

15 de agosto, consulta médica. 16 de agosto, retorno à academia.

Segunda-feira, 15 de agosto, foi o dia de voltar ao cirurgião para a terceira consulta.
O que há de novidades:
A abertura da minha boca aumentou, mas ainda é pouco, acredito que mais um mês será necessário para avaliar a necessidade de algum procedimento como fisioterapia.
Estou tendo dificuldade para pronunciar alguns fonemas, principalmente P e B no meio das palavras. O médico pede para aguardar mais pelo menos um mês para que a musculatura que ainda está bloqueada se solte um pouco mais.
Vou fazer nova documentação, agendado para dia 03/09/2011, para saber como estão as placas e os parafusos.
E a última e principal novidade, autorizado a voltar para a academia. Com cautela e bom-senso, claro!
Ontem, dia 16/08/2011 voltei a frequentar a academia. Nossa, como fazia falta aquilo. Fui só no condicionamento físico. Como estava há 45 dias sem malhar, então que eu tive que pegar muito menos peso que antes. Mas consegui trabalhar os principais grupos musculares: peitoral, costas, bíceps e tríceps, coxa e panturrilha. Hoje começo a fazer a série que eu havia parado no final de julho. Não a comecei ontem porque senti necessidade de acordar o corpo, por isso fiz um exercício para cada um daqueles grupos musculares.
Confesso que fiquei com um pouco de receio, pensei que talvez voltar ao condicionamento pudesse me deixar mais inchado, mas não foi o que aconteceu. Não tive nenhum problema, muito pelo contrário, só benefícios. Voltei a sentir aquele bem-estar de quando se sai do exercício físico, dormi muito bem a noite e não tive nenhuma piora no inchaço.
Ah, outra coisa interessante, como fui no horário das 13h00, horário que tem muita senhora e outros "desocupados", gente que valoriza plástica, tratamentos cosméticos e afins, a reação que eu encontrei foi bem diferente daquela do meu trabalho e do meu círculo de amigos.
As pessoas elogiaram a cirurgia, ficaram empolgadas com o que viram e perguntaram cada detalhe da cirurgia. No meu trabalho só tem homem, meus amigos são quase que 100% homens, então que ninguém se liga muito se você mudou seu rosto, se você pintou o cabelo ou se você comprou uma calça nova. A preocupação foi mais se eu estava me sentindo bem, se estava com dor, essas coisas. Gostei da reação das pessoas da academia, sentia falta desse tipo de reação. Vi como dois mundos bem diferentes reagiram quando me viram pela primera vez após a cirurgia, foi muito bom.
"Peraí"! 13h00 e você na academia? Você não trabalha não? "Desocupado"! Trabalho sim, só que tenho hora de almoço e, por sorte, às vezes dá para fazer academia e almoçar em seguida. ;o)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Primeiro mês de P.O.

"Parabéns pr'á você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!"
Aos onze dias de agosto de dois mil e onze do calendário cristão completo meu primeiro mês da cirurgia. Esperei muito por esse dia, ainda mais para poder comparar o quanto melhorei em relação à época da cirurgia.
Hoje estou bem melhor, um pouco inchado ainda, mas nada que se compara ao início do pós-operatório.
A parestesia, aquela sensação de dormência, acho que 80% já passou, se continuar nesse rítmo, em quinze dias não terei mais nada.
Estou conseguindo comer melhor, com a sensível diminuição do inchaço, meus dentes anteriores conseguem se tocar melhor, assim consigo triturar melhor os alimentos. Já faço um prato de comida bem próximo do normal: arroz, feijão, massa, ovo frito ou cozido, salada, frango bem cozido, tomate bem maduro, e frutas como abacaxi, mamão, banana, melão, abacate e morango. Já estou comendo pão de leite, pão francês ainda não deu porque a abertura da minha boca ainda não é boa.
Acho que essa abertura é a parte a que mais vou ter que me dedicar nesse próximo mês
Falando da forma física, acho que já estou pegando barriguinha, preciso que o cirurgião autorize logo a academia, senão já viu! Vou precisar de meses para recuperar a boa forma de antes.
Bem, vamos às fotos:

Eu, antes da cirurgia, era como nessa foto abaixo, tinha um prognatismo classe III que algumas pessoas diziam ser discreto, mas me incomodava bastante, principalmente porque meu nariz caía quando eu sorria, dando um certo aspecto de senilidade:





No dia da alta, eu fiquei muito inchado, mas ainda não estava no pico, que foi no 3º dia de P.O.:






Agora veja como estou hoje, exato um mês depois da cirurgia, meu nariz ficou melhor, quando tento esboçar um sorriso ele não cai mais, sem dizer que os sulcos nos cantos da boca praticamente sumiram.

Não tirei foto sorrindo hoje porque o lado esquerdo se mexe menos que o direito, e isso deixa o sorriso meio torto, quando os dois lados voltarem completamente ao normal, aí sim tirarei fotos sorrindo.
Acho que valeu a pena e que venha esse novo mês de recuperação.


"Hay hombres que luchan un día y son buenos.
Hay otros que luchan un año y son mejores.
Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos.
Pero hay los que luchan toda la vida: esos son los imprescindibles."
Bertold Brecht



domingo, 7 de agosto de 2011

27º dia de Pós Operatório - "stamos em pleno mar!"

Estou quase completando um mês de P.O. Não vejo a hora de chegar essa data: 11/08/2011. Não sei porque, mas parece que esse dia tem um significado importante pra mim, quero me ver no espelho e ver como vou estar quando fizer um mês que fiz minha cirurgia.
Ontem coloquei fotos. As pessoas que me conhecem percebem que estou inchado quando me vêem ao vivo, algumas me perguntam porque estou tão inchado. Estranho não perceberem a grande diferença que há entre hoje e antes da cirurgia. Eu sempre conto a mesma história e o clímax acontece quando me mostro de perfil para que possam ver como estou normal. Aquilo que mais me causava incômodo, hoje não existe mais, e isso é muito gratificante.
Antes, quando eu estava muito inchado, as pessoas me perguntavam se eu não teria me arrependido, nunca tive coragem de perguntar o porquê dessa dúvida delas, eu tinha medo de ouvir delas que eu tinha feito besteria, que eu tinha ficado pior do que antes. Agora que já desinchou bem, não tenho dúvida de que fiz a coisa certa, e que estou muito melhor esteticamente do que antes. Nos últimos dias não me lembro de ninguém que tenha perguntado se eu me arrependi da cirurgia, acho que agora elas estão percebendo que realmente ficou bom.
Nessa sexta encontrei uma colega de trabalho três anos depois da última vez que nos vimos, Odete. Ela olhou pra mim e falou: nossa! você está muito novo, não me lembrava de você tão novo assim. Nesse sábado, quando saí a noite, um colega falou que a cirurgia me rejuvenesceu, daí associei ao comentário da Odete. Realmente, a cirurgia nos rejuvenesce. Bom, não é?
Até agora a cirurgia só me trouxe benefícios.
Bem, domingão, não saí, fiquei em casa o dia todo, preso feito um escravo na senzala ou em trânsito num navio negreiro. Navio negreiro é melhor que senzala, pelo menos estamos em movimento, "stamos em pleno mar!"

Lembrei-me de um dos mais belos textos abolicionista da nossa literatura:

Navio Negreiro
Castro Alves



  I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam, 
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.
 
II
    
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
 
III
    
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
 
IV
     
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás!... 
 
V
    
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?   Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
 
VI
       
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!


sábado, 6 de agosto de 2011

26º dia de P.O. e novas fotos

Hoje é sábado, nem preciso dizer que vou sair...
Como havia prometido, hoje foi dia de postar fotos, mas deixei para tirá-las agora a noite porque é quando estou menos inchado. De manhã eu estaria tão inchado que você poderia pensar que meu rosto está aumentando de tamanho em vez de diminuir.
Hoje foi o dia da quarta sessão de drenagem, nossa, está fazendo muito efeito, posso dizer que meu rosto do lado direito voltou quase 100%, mais da metade do nariz já voltou ao normal, o lado esquerdo está dormindo ainda, mas já voltou bastante também, a parte que está mais lenta é a região entre o nariz e o lábio superior, mas espero que volte logo também.
Não tive mais problemas de ouvido, porque em alguma postagem anterior eu relatei sentir uma pressão nos ouvidos, mas já passou.
Não tenho mais nenhum problema para dormir, meu rosto não pesa mais, enfim, está um inchaço mais perto do aceitável agora, que não gera tanto incômodo além do estético.
Vamos às fotos:




Essa foto ficou meio estranha, mas foi a que melhor demonstrou como minha bochecha está inchada.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

25º dia de P.O. sexta-feira

Essa sexta-feira não saí a noite, embora tivesse vontade, achei por bem ficar em casa. Não sei, enquanto estiver inchado perco um pouco a vontade de sair. Amanhã, sábado, é dia da quarta sessão de drenagem linfática facial. Estou bem ansioso porque meu inchaço diminuiu muito.
Meu rosto do lado esquerdo quase não tem mais parestesia, o direito ainda tem um pouco mais, mas sinto que ele também está acordando. Como o direito está aínda com bastante parestesia, quando falo meu rosto fica torto. Isso é fase, logo, logo vai estar tudo ótimo.

Hoje foi um dia chato, vi no orkut um rapaz sem noção que tenta me tirar do sério. Mas o que faço em relação a isso? Tento ignorar, sei que não é fácil, a vontade de responder é enorme, só que daí eu teria que me rebaixar ao nível dele, e confesso que é difícil pra eu baixar o nível, entrar em bate-boca com gente que não tem muita noção. Bem, então que achei melhor uma música alegre de que eu goste muito para escutar várias vezes seguidas, assim levantar o astral e me esquecer do sem-noção.

Alegre Menina

Composição: Dori Caymmi / Jorge Amado



O que fizeste sultão de minha alegre menina?
Palácio real lhe dei, um trono de pedraria
Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis
Ametista para os dedos, vestidos de diamantes
Escravas para serví-la, um lugar no meu dossel
E a chamei de rainha, e a chamei de rainha
O que fizeste sultão de minha alegre menina?

Só desejava campina, colher as flores do mato
Só desejava um espelho de vidro prá se mirar
Só desejava do sol calor para bem viver
Só desejava o luar de prata prá repousar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar

No baile real levei a tua alegre menina
Vestida de realeza, com princesas conversou
Com doutores praticou, dançou a dança faceira
Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira
Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira



Gostaria de compartilhar também esse outro vídeo que é muito bonito. Ai, saudade de Jorge Amado e de Dorival.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

22º dia de P.O e volta às aulas

Bem, a volta às aulas foi igual voltar ao trabalho, as pessoas olhavam e comentavam que tinha algo diferente. Como ainda estou inchado, o sentimento de dó partiu de muitas pessoas.
Em alguns momentos bateu um sono durante a aula, mas acho que deve ser comum, 8 horas de aula expositiva de uma mesma matéria cansa muito.
Percebi há uns dias atrás que meu rosto pela manhã está mais inchado que a tarde, parece que ele vai desinchando durante o dia e no fim da tarde ele está mais normal. Hoje observei bem isso.
Comecei a sentir umas coisas estranhas no ouvido, como aquela sensação de quando descemos a serra, como se a pressão atmosférica estivesse aumentando. Estranho...
A parestesia no rosto deve estar passando, porque hoje senti pontadas o dia inteiro no rosto.
Ah, os pontos estão se soltando, percebi que existem linhas grandes, que formavam vários pontos, e eles estão se desfazendo.  O problema é que a gente fica com linhas na boca, incomoda ao escovar os dentes porque você fica com medo de puxar sem querer e se machuar.
Hoje não senti nenhuma mudança na abertuda na boca, parece que está estável se comparada a ontem.
Voltar às atividades normais faz o tempo passar mais rápido. Terça acabou, daqui a pouco já é quarta. Logo, logo farei 1 mês de pós operatório.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

21º dia de P.O. e volta ao trabalho

Hoje voltei ao trabalho. Foi tudo tranquilo como antes da cirurgia; se não fosse o detalhe de as pessoas ficarem me olhando com ar de estranhamento, teria sido um dia bem comum.
Do pessoal que me viu hoje, alguns logo perceberam a diferença, outros perceberam que eu não era exatamente o mesmo, mas tiveram dificuldade de dizer o que havia mudado. Acho que só os mais detalhistas (visuais) perceberam o que tinha mudado. Os demais (auditivos e sinestésicos), embora percebessem eu estava diferente, não conseguiam dizer o que tinha mudado. Com base nessas opiniões, começo a me questionar se existe algum momento ou intervalo de tempo em que a construção da imagem de uma pessoa em nossa memória é mais persistente, duradoura. Será se isso varia de pessoa para pessoa? Será se existe alguma tendência?
Bem, deixando de lado esses meus questionamentos pessoais, percebi pela reação de todos que o inchaço agora não está mais tão agressivo.
Amanhã será o primeiro dia de aula, das 8h00 da manhã até às 17h00, vamos ver como meus companheiros de turma vão reagir. Nossa, que intervalo longo de aula, é isso mesmo? Sim, oito horas de aula por dia e para piorar de uma mesma matéria. Oito horas, mas 17 menos 8 são 9. Sim, mas a FIA é boazinha, nos dá uma hora de almoço.